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A representatividade feminina e LGBTQIA+ no cenário do Rap: Conheça Larissa Engel, a Aurora

Larissa Engel, também conhecida como Aurora, é uma daquelas artistas que raramente encontramos. Em um cenário majoritariamente masculino, Larissa se destaca no mundo do Rap e da poesia por levantar as bandeiras da representatividade feminina e LGBTQIA+.

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Aurora discursando durante uma das edições da Batalha da Revolusom. Foto: Allan Victor


Nascida e crescida em Mauá, município do estado de São Paulo, Larissa destacou em entrevista que já morou por um período de quatro anos em Vitória da Conquista, onde iniciou o Projeto Lótus, na Praça da Juventude, no bairro Alto Maron. Este projeto continha não só as batalhas de conhecimento (vertente das batalhas de rima), como também grafite e break dance. “Daí foi vindo essa paixão de começar a se movimentar com o Hip Hop, com a cultura de rua. Acabou que eu fui embora de Conquista, comecei a fazer artesanato e viajar o Brasil através da minha arte e participando de batalha de rima sempre”, relatou Larissa para a equipe do Rap Conquista.


Uma das áreas destacadas pela artista foi o Slam, subgênero que ela conheceu e tem investido há cerca de quatro anos. “O Slam é uma batalha de poesia falada, declamada. Eu comecei a participar do Slam, fazer oficinas do Slam e aí comecei a fazer um sarau na minha casa, chamado Sarau da Aurora, onde eu comecei a ver o quanto a poesia marginal periférica, o quanto o Hip Hop salva vidas e estava cada vez mais salvando as crianças”, comentou.


A partir desse pensamento voltado para as crianças, Aurora tem feito oficinas nas escolas para compartilhar a arte para os estudantes. No ano passado, foram realizadas oito oficinas em quatro escolas estaduais e municipais, sem nenhuma verba de terceiros.


As pautas de representatividades feminina e LGBTQIA+ foram materializadas pela artista na medida que ela teve uma percepção de que essas comunidades não tinham espaço e nem voz no cenário das batalhas de rima. O projeto Batalha de Las Brujas foi iniciado em abril deste ano e busca justamente criar um espaço exclusivo para mulheres e pessoas LGBTQIA+. A meta estipulada por Larissa é de tornar o evento algo mensal.


Uma das maiores dificuldades enfrentadas no Rap, segundo Larissa, é a falta de aceitação do público masculino com o trabalho das mulheres e da comunidade LBGTQIA+. “É muito bonito quando chega uma mina lá na roda pra rimar, muitas vezes só tem uma, duas e olhe lá, e os caras param pra escutar. Porque ela tá levantando uma coragem muito grande pra tá conseguindo estar ali na roda, primeiramente por já só ter homens. Eu já participei de muitas batalhas de Rap onde eu era a única mulher e os caras falaram coisas bem escrotas mesmo e ganharam, porque a galera fez barulho”, contou Larissa.


Um dos feitos mais recentes da equipe organizadora e afiliados do Sarau da Aurora foi a aprovação no Edital Paulo Gustavo. Um recurso de R$10.000,00 foi conquistado e será utilizado para a produção de um evento aberto intitulado “Mãos que Criam”, voltado para mães solo. A feira aberta possui o potencial de movimentar a economia solidária e a agricultura familiar, além de fomentar a arte com saraus, apresentações de bandas e oficinas. O evento “Mãos que Criam” acontecerá em 7 de julho, em Ubatuba, São Paulo.


Como referências na música, Larissa destaca principalmente Dina Di, Solto MC, Brisa Flow e Larissa Luz, artistas que desenvolvem em sua arte questões como espiritualidade, religiosidade, pautas indígenas e maternidade. Justificando as escolhas, ela afirmou que  “a gente tem que defender aquilo que a gente acredita e não tem como defender várias pautas sem se cuidar e sem cuidar da espiritualidade. [...] Essas quatro aí resumem bastante as coisas que eu acredito e o trabalho que eu faço, e que é possível chegar lá, porque elas estão chegando”.

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